Na segunda-feira, 20 de outubro, três semanas antes do início da COP30, o Brasil emitiu uma autorização de perfuração exploratória para a empresa petrolífera pública Petrobras. Isso já começou e está acontecendo na bacia da Foz do Amazonas, a 500 quilômetros da foz do Amazonas e a 175 quilômetros da costa brasileira. O projeto é apoiado pelo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.
Dez bilhões de barris na margem equatorial!
Essa perfuração permitirá à Petrobras garantir que a área contenha quantidade suficientehidrocarbonetos para posteriormente lançar operações comerciais. Também é altamente provável que contenha algum, porque a Guiana, um país vizinho, encontrou petróleo numa área próxima.
O governo brasileiro atribui grande importância a isso porque, segundo o Ministério de Minas eEnergiaa margem equatorial – que inclui a Foz do Amazonas – poderá conter até 10 bilhões de barris de petróleo. Lula destaca quedinheiro obtidos através da exploração do petróleo poderiam ser usados para financiar a transição energética.
Associações ambientais vão a tribunal
Muitas vozes se levantam contra este projeto. Ilan Zugman, diretor da 350.org para a América Latina e o Caribe, disse que representa um “erro histórico”. Oito ONGs também entraram com recurso perante a Justiça Federal do Pará contra o Ibama, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. As organizações acusam-na de três defeitos fundamentais na concessão da licença de funcionamento.
A primeira é a falta de consulta aos povos indígenas e comunidades tradicionais, ao mesmo tempo que estes “são obrigatórios no âmbito da avaliação ambiental brasileira”segundo a ONG Observatório do Clima.

Para as ONGs, a Petrobras não oferece garantias suficientes para proteger o meio ambiente em caso de derramamento de óleo. © Grispb, Adobe Stock
As garantias ambientais não são suficientemente fortes
O segundo vício é ambiental: para obter a licença do Ibama, a Petrobras teve que apresentar um plano emergencial em caso deacidente. Em 2023, o Ibama recusou a licença da Petrobras porque a empresa não havia fornecido as garantias necessárias para proteger a vida selvagem em caso de vazamento de óleo.
Em fevereiro, nota técnica do Ibama divulgada pela AFP recomendava “recusar a licença ambiental”. A recente aprovação da licença foi concedida após testes realizados pela Petrobras para demonstrar sua capacidade de resposta em caso de derramamento de óleo. Mas para as ONG, estes testes apresentam deficiências.
Por último, as associações criticam o governo por conceder esta licença por razões ecológicas: extrair petróleo que inevitavelmente emitirá CO2 noatmosfera vai contra os objetivos do Acordo de Paris. O tempo é ruim para o governo brasileiro, porque esta licença inevitavelmente complicará as negociações na COP30, que será aberta em breve.